por um novo espaço de cultura

Vereador do urbanismo responde sobre a Fábrica Simões

07-05-2009 17:51

 

No dia 7 de Maio de 2009 a Câmara Municipal de Lisboa promoveu uma reunião descentralizada no auditório Carlos Paredes em Benfica, com a presença do presidente da câmara e alguns dos vereadores. Nestas reuniões é dada a palavra a cidadãos para colocarem questões ao executivo camarário.

Miguel Reis, membro eleito do Bloco de Esquerda na Assembleia de Freguesia de Benfica, usou da palavra para abordar o assunto da antiga Fábrica Simões:

“Como a câmara tem conhecimento, muitos moradores se têm manifestado contra o projecto previsto para a zona da antiga Fábrica Simões, porque:

- Benfica precisa de espaço para respirar. Este empreendimento implica várias centenas de apartamentos, provavelmente perto de duas mil pessoas e mais um milhar de automóveis a circular nesta zona já tão asfixiada. Mais trânsito, mais poluição, menos qualidade de vida

- Está prevista uma demolição de grande parte da fábrica simões, nomeadamente das unidades fabris nas traseiras. Consideramos que não é suficiente preservar apenas a fachada, todo o espaço pode ser preservado e devolvido à população com os equipamentos culturais que tanto fazem falta a Benfica: um museu têxtil (porque não?), uma biblioteca, um centro de dia, equipamentos culturais diversos.
Assim, pergunto:

- há duas parcelas onde estava prevista construção e que pertencem ao Município. A Câmara entregou de mão beijada estas parcelas ao construtor?
- O túnel, que era uma contrapartida do construtor para aliviar o trânsito na zona, ao que tudo indica já não vai para a frente.. Que outras contrapartidas, em substituição, a câmara exigiu ao construtor? Ou não exigiu nenhuma?
- No projecto actual, prevê-se a demolição de uma grande parte da fábrica Simões. Ora, o Plano Pormenor, num dos seus artigos, diz claramente que a fábrica tem que ser preservada, podendo ser apenas alterada e ampliada, mas nunca demolida, nem sequer parcialmente. Como vai a Câmara resolver esta situação?

É o projecto de cidade que está em causa. Trata-se de escolher entre agir pelo interesse público, o que implica a construção de equipamentos colectivos, ou ceder à pressão imobiliária que tudo vai transformando em betão.”

O vereador do urbanismo, Manuel Salgado, respondeu de seguida, começando por dizer que não tinha ali com ele todas as informações sobre o assunto (o que é estranho, dado que a câmara é informada com alguns dias de antecedência sobre o tema das intervenções e perguntas de cada cidadão). Mesmo assim adiantou o seguinte:

- reconheceu que o índice de construção previsto para aquela zona é excessivo e que estava a tentar negociar com o construtor uma redução do índice de construção

- disse que se o túnel não for para a frente o construtor terá, como contrapartida, que reduzir o índice de construção

- disse que compreende que o projecto previsto preocupe muito os cidadãos de Benfica e que inclusivamente há uma reclamação muito bem fundamentada nos serviços da câmara, feita por um cidadão, e que merece ser analisada

- disse ainda que o projecto vai estar brevemente em consulta pública à população na Junta de Freguesia, anunciado com um cartaz à porta da Fábrica, e que esse será um momento importante para os cidadãos se pronunciarem

- sobre a requalificação de todas as unidades da fábrica e a possibilidade de instalar equipamentos colectivos para toda a população nessa zona, Manuel Salgado não respondeu. Adiantou apenas que existem “direitos adquiridos”, depreendendo-se dessas palavras que não poderiam ser feitas alterações radicais ao projecto, dados os compromissos anteriores da Câmara com o construtor.

São respostas curtas e um tanto ou quanto conformistas. Mas os cidadãos de Benfica vão continuar a lutar pela requalificação de toda a Fábrica Simões e por um centro cultural e equipamentos colectivos para toda a população. Não desperdiçaremos o perídodo de consulta pública e faremos muito mais para além desse expediente.

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